quinta-feira, 26 de maio de 2016

Artigo - Porventura, vindo o filho do homem, achará fé na terra?



Marcha para Jesus ou marcha para os políticos?



Porventura, vindo o filho do homem, achará fé na terra?



Há quem possa afirmar que ter ou professar a fé em dias pós-modernos como os nossos é uma coisa antiquada e ultrapassada, coisa de quem, ou não pensa, ou não é tão racional, mas não é isso que vemos no perfil religioso do homem contemporâneo. Atualmente, professar a crença, sobretudo em público, parece gerar certo “status”, quer seja o de status religioso conservador, quer seja o de status de fé alternativa, isso parece sempre dar ibope.
Com o advento da era da informação instantânea (internet, redes sociais e Cia), é cada vez mais comum ver o excesso de postagens religiosas, além do forte oportunismo marketista e piedoso de figuras públicas (principalmente as cristãs evangélicas) que usam a piedade como propagação da sua própria imagem “com o fim de serem vistas pelos homens”.
Dentro desse perfil do religioso contemporâneo, por um lado temos a fé meramente sentimental, a fé do “senti de Deus”. Uma fé com aparência de piedade, mas que não carrega o germe do evangelho da Graça que ensina que até mesmo a fé é dom de Deus e, portanto, não tem de se orgulhar de nada. A fé sentimental é muito popular hoje em dia, pois gera vaidade religiosa e parece que é uma fé disponível apenas para os que “são capazes de senti-la”, uma espécie de fé que só as pessoais especiais possuem... Existe vários tipos de fé assim em nossos dias. É fé demais.  E “fede mais não cheira bem”.
        Por outro lado, existe um movimento de busca por um tipo de fé que é o refluxo da fé religiosa supracitada, uma fé livre das aparências religiosas e da falsa piedade, uma fé mais crítica e racional que não se fundamenta nas inseguranças das emoções e dos sentimentalismos religiosos. É uma fé que não se baseia no sentir, mas na decisão de confiar e dar razão ao crer. Portanto, uma fé que também pensa. O perigo é quando essa fé fica apenas no campo do “pensamento correto e biblicamente embasado”, pois, é certo que fé não é sentimento, todavia, porém e entretanto, fé também não é só pensamento ou só uma confissão teologicamente correta.
É justamente neste momento que surge a pergunta de Jesus: “Porventura, vindo o filho do homem, achará fé na terra?” Pois, por um lado temos a fé sentimental e por outro lado a fé do pensamento correto. A fé que o mestre procura não é uma fé religiosa baseada nas emoções e nas aparências de piedade e nem a fé meramente confessional da boca para fora. De acordo com o evangelho, a fé que Jesus procura é a fé que aceita o convite do “vem e me segue”, é uma fé que não somente dá razão a Deus, mas uma fé que dá razão a Deus e vai!
Sendo assim, a fé genuína no evangelho não é a fé sentimental e nem a mera fé de pensamento ortodoxo, mas é a fé que diz sim e se movimenta! Em outras palavras, a genuína fé se manifesta em atitude. É por isso que a declaração de Jesus é a de: “bem aventurados os que ouvem as palavras (conhecem, pensam) e as pratica (uma fé que desemboca em atitude, movimento)”. Não foi a fé das pessoas santas e perfeitas da religião e nem a fé dos senhores do saber religioso que surpreendeu Jesus nos evangelhos, mas sim, foi a fé dos pagãos e indignos como o centurião romano, a mulher siro-fenícia, a mulher pecadora, o cego de Jericó etc.
O desafio para nós hoje em meio de tantas “fé-zes”, é viver uma fé que não seja meramente sentimental e tampouco meramente ortodoxa, psicológica, e inerte; Pois vejo muita gente com atitude e motivação de fé errônea, ao passo que também vejo pessoas com uma fé bem fundamentada, mas que não tem atitudes e nem se movimentam...

Fé não é mero sentimento e nem mero pensamento. Fé é movimento! É atitude. Fé é “vem e segue-me”.

Pense nisso.


Samuel Nepomuceno 26/05/2016.

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